segunda-feira, maio 19, 2008

Muito Longe de casa

"un libro bueno es lo
mismo que un viejo
amigo..." Martí
O livro mais bacana quem li este ano ou, talvez, em anos. Conta a história real de um menino fugindo do horrores da guerra civil de Serra Leoa e que acaba virando soldado, pois não tem como mais fugir. Também conta a história de sua re-habilitação e fuga para os EUA. O livro é de um humanismo impar, e desvela os horrores da guerra com uma linguagem simples e envolvente. Porém é um livro triste, cru e não usa meios termos para tratar a crueldade humana. Já viram "Diamante de sangue"? Fichinha perto deste livro. Pode-se sentir o gosto de sangue e o cheiro de pólvora ao ler este livro e mostra a visão de quem mais sofre com as guerras: as crianças. Afinal, elas que ficam orfãs, são abusadas, mortas e/ou usadas como bucha de canhão na guerra. Fazem-se soldados de corpo e alma, pequenos infantes a lutar de maneira cruel, matando mais do que pessoas, mas a sua própria humanidade.
Talvez pensemos que a saída deles é fugir de lá, mas não nos esqueçamos que foi a divisão feita pelos europeus que causou todos estes conflitos na África e é a nossa indiferença que fortalece sua permanência nos dias atuais. Tal qual os meninos do tráfico, um dia o sangue derramado destas e por estas criança um dia será cobrado.
Pagaremos o preço?

quarta-feira, abril 30, 2008

Dos processos Educativos

Época de conselho nos faz reflitir certos temas, mas o principal é qual o papel do professor e do aluno no processo de ensino-aprendizado? Vale a pena parar e analisar certas questões desta pergunta.Primeira parte da pergunta a se responder é: qual a importância das opções éticas do docente no processo educativo? “O professor não atua seguindo modelos formais e científicos... senão que responde pessoalmente, na medida de suas possibilidades, e com diferente grau de compromisso ético profissional, às exigências de seu trabalho com um grupo de alunos em determinadas condições” ( SACRISTAN p. 274). Dessa forma Sacristán coloca a importância de um compromisso ético do profissional da educação com o processo educacional. O professor deve ter consciência de que sua atuação traz conseqüências imediatas para a vida dos alunos, e que, portanto, seu compromisso com os resultados de sua atuação deve ser constantemente observado. A influência que exerce e o aprendizado que proporciona tornam o profissional da educação peça essencial no desenvolvimento pessoal de seus alunos e, por isso, o compromisso ético do docente com esse processo educacional deve ser de fundamental importância.O processo de ensino e aprendizagem não depende única e exclusivamente do professor, mas precisa também contar com a participação e colaboração dos alunos. Sem essa contrapartida dos discentes de nada adianta a boa elaboração de planos de aula ou o esforço isolado dos docentes na educação. “Requer-se deles ( dos alunos) um certo compromisso com a tarefa, uma ordem e uma disciplina apoiadas nas regras do trabalho”. Segundo Sacristán “a educação pode ser atrativa e produto de uma colaboração entre professores e alunos...”tornando-se um processo conjunto de aprendizagem. A participação necessária e mesmo essencial, do aluno em sua formação não significa que eles devam escolher livremente o que de essencial devem aprender, mas que “podem participar na discussão do plano de trabalho, na relação de tarefas alternativas, na análise do trabalho realizado, na busca de recursos externos...”. De acordo com os autores de escolas Democráticas, Michael Apple e James Beanes, a participação ativa dos alunos é pressuposto essencial para que se possa ter uma educação democrática, que envolve não apenas alunos e professores, mas toda a comunidade em geral. Nessas escolas os alunos são ativos no processo de aprendizagem, o que torna e escola um espaço de interação entre alunos e profissionais da educação, facilitando o envolvimento direto de todos os interessados no processo.

sábado, março 29, 2008

Eu não vendo educação

Não acredito em instituições que dizem que podem garantir seu aprendizado. Ué, como podemos fazer isto de maneira objetiva, sem dar margens para especulações? Se como professor já me sinto incomodado em atribuir notas às provas e trabalhos, imagine garantir, com cem por cento de certeza, que meu aluno aprende realmente!? Coisa de louco!
Também não acredito em cursinhos que oferecem seguro-reprovação. Acham-se tão bons, tão eficazes que se dão a este luxo, mas esquecem todo o caráter subjetivo que a relação ensinar –aprender possui. A não ser que não estejam preocupados com isto, com o saber, mas apenas com que seus alunos acumulem a maior quantidade de informação possível e depois vomite-a nas provas de vestibular. Se vão saber os conteúdos, ou se serão capazes de estabelecer relações complexas entre os conhecimentos, não lhes interessa. Importa que passem no vestibular e entrem, semi-analfabetos, na faculdade.
Não acredito em pessoas que defendem que professores tem que receber por produtividade. Como se quantificaria isto? Se é por número de alunos com boas notas é só fazer provas fáceis, ou o contrário, alunos com notas baixas, provas impossíveis. Se é por quantidade de conteúdos é só despejá-los sobre os alunos, não importando se aprenderam ou não. Escolas não são linhas de montagem, não dá para cobrar por produção.
Acredito no conhecer (do latim “nascer com”). Creio que a escola e professores têm que fazer com que este “nascer com” realmente nasça dos alunos, venha à tona. Acredito no saber (do latim, “saborear”; por isto defendo a volta do latim ao currículo, pois ensina a pensar melhor), no fazer com que os alunos “saboreiem” os conteúdos. Se existem enólogos cheios de regras para degustar vinhos, porque não aprender a degustar a vida?
A prática, em geral, se distancia disso. Mas deixar de crer que podemos fazer a diferença nos matará de vez.

domingo, janeiro 20, 2008

O caçador de pipas - o filme

Fui ver o filme. Não é tão bom quanto o livro, mas é triste igual. As interpretações estão a altura dos personagens, principalmente os menininhos que fazem o Hassam e o Amir. A fotografia não surpreende, mas era mais ou menos com estas cores que eu imagina quando estava lendo. O baba esta especialmente bom; e o Amir mais velho é mais macho.

O que eu mais gostei é que o filem esta profundo, com uma narrativa lenta (mais lenta do que o livro) e, para quem leu o livro, faz com que você fique esperando certas cenas.

Vale a pena. Foge destes filmes mais palatáveis do cinema americano. Tanto que os afegãos falam farsi durante quase todo o filme e não apenas inglês com sotaque (ver "amor nos tempos do cólera", em que os atores falam inglês com sotaque espanhol).

Gostei e recomendo.