domingo, outubro 30, 2011

Expansões

para você


"Eu gosto, gosto de você!

Compreende? Eu tenho por você uma doidice…

Falo, falo, nem sei o quê,

Mas gosto, gosto de você.

Você ouviu bem isso que eu disse?…

Você ri? Eu pareço um louco?

Mas que fazer para explicar isso direito,

Para que você sinta?… O que eu digo é tão oco?

Eu procuro, procuro um jeito…

Não é exato que o beijo só pode bastar.

É preciso exprimir, traduzir, explicar…

Ninguém sente senão o que soube falar.

Vive-se de palavras, nada mais.

Mas é preciso que eu consiga

Essas palavras e que eu diga,

e você saiba… Mas, o quê?

Se eu soubesse falar como um poeta que sente,

—diga!— diria eu mais do que

quando tomo entre as mãos essa cabeça linda

e cem, mil vezes, loucamente,

digo e repito e torno a repetir ainda:

Você! Você! Você! Você!…".

(Paul Géraldy, poeta francês)

domingo, junho 26, 2011

Pensamentos

"Resiliência: tal qual Anteu fortaleço-me cada vez que sou jogado ao chão. Não é quando caio que me torno fraco, mas quando me tiram da terra. Minha força vem de baixo e quando pareço mais faro estou apenas me fortalecendo."

sexta-feira, junho 17, 2011

Códigos do Amor

“Sabe o que você é?”

“humm?”

“Uma pateta!”

Quem os escutava podia achar que não havia romance entre eles, que a relação estava descambando para uma separação.

“Ah, é! E Sabe o que você é?”

“O que?”

“O chulé do meu pé!”

Realmente, aos olhos leigos, não havia esperança apara aqueles dois. Mas ninguém sabia, só eles, como era seu linguajar amoroso. Não se tratavam por nomes bonitinhos, ou apelidos carinhosos. Mas isso não significava que não se amavam. Apenas que não eram convencionais nesse sentido e quando ele a chamava de “pata pateta”, estava querendo dizer “meu amorzinho” e ela ao chamar-lhe “patetudo” dizia na verdade “meu querido”.



“Muito boa a noite.”

“Realmente, surrealista...”

“Mas encantador”, disse ele rindo.

“Você ainda lembra?”

“Claro. E tinha aquele: uma beijoca...”

“Mc mix de paçoca” foi a vez dela rir.

“Mas tinha outros, que eu não consigo lembrar.”

“Nem eu. Deve ser a idade, ou o tempo e a distância”.

“Quem entendia?”

“Ninguém, só nós dois e, para mim, isso basta.”



“Ei, olha aqui.”

“Não, não quero falar com você.”

“Mas foi sem querer, eu...”

“Não me interessa”

“Fala comigo. Eu quero pedir desculpa.”

“E eu não quero ouvir suas desculpas mais uma vez”

“Mas eu trouxe um presente.”

“Que merda de presente nada. Não quero saber de nada seu.”

“Mas é pirulito de laranja”

“Só um?”

“Não, um pacote.”

E naquela noite ela nem se importou com as olhadas dele para o requebrado das odaliscas...

sexta-feira, junho 03, 2011

Poesia do filho dormindo

Dorme tranquilo esta noite

Que o frio não te incomodará

Teu pai está ao seu lado

Para a teu sono vigiar.


Dorme sorrindo menino

Que logo a manhã chegará

Novas brincadeiras te esperam

No dia que virá.


Quem sabe não valha a pena

Não quero te acordar

Não cresça muito depressa

Deixa eu, mais um pouco, te ninar.


Acorda sorrindo gurizinho

A manhã está a te esperar

Querendo ver tua meninice

Que, queira Deus, demore para passar.

terça-feira, maio 31, 2011

Os usos da História. Parte I

“Quem controla o Presente controla o Passado e quem controla o Passado controla o Futuro.”

George Orwell, 1984.

Lendo o jornal Gazeta do Povo de hoje, encontrei em sua página 14, uma notícia que me chamou a atenção. O presidente do Senado, José Ribamar Sarney (PMDB-AP, ou seria MA, ou seria...) reinaugurou “com pompa” o chamado “túnel do tempo”: uma galeria com os principais momentos da instituição, um lugar da memória. Interessante foi a seleção dos fatos que mereceriam estar em destaque, ou melhor, os “silêncios” sobre determinados assuntos como o impeachment de Collor, ou CPIs que “cortaram” na carne do Senado. Grandes temas, ou temas canônicos de nossa história aparecem, como a Abolição da Escravatura, ou o AI-5, mas o que me fez pensar foi a justificativa usada por Sarney para a escolha dos tópicos: “mas não é tão marcante como foram os fatos que aqui estão contados, que foram os que construíram a história, e não os que de certo modo não deviam ter acontecido.” Assim o presidente do Senado assumiu o papel de censor da História. O que “oficialmente” determina o que pode ser considerado História, ou não.

Analisando esse discurso podemos voltar a frase da epígrafe. O que importa não é o que aconteceu, mas o que “deve” ser lembrado: qual imagem que o presidente do Senado pretende deixar para o futuro. Não sabe o imortal senador que os “silêncios” às vezes falam mais altos a história do que o que propriamente é dito. Calar sobre o impeachment de Collor é uma forma de ressaltar o que, numa época de denúncias e escândalos, não deve ser lembrado: os brasileiros já tiraram do poder um presidente por causa da corrupção. É claro que ele não quer lembrar que a função do Legislativo é (ou já foi) a de fiscalizar o Executivo, pois senão o povo pode querer que eles façam isso, o que os deixaria em maus-lençóis com o governo.

Como historiador interessa-me (ou seria preocupa-me) o uso da história nesse episódio. Quem determina a história? Os historiadores? Não, o que faz a história é o uso que se faz dela. Ao negar isso, Sarney apenas reforçou o que não queria que fosse lembrado. Mas não podemos negar que ele aprendeu a lição do “Grande Irmão”: quem controla o presente controla o passado e quem controla o passado controla o futuro.

sábado, maio 28, 2011

Poesiazinha

Meus olhos nos seus

Isso é possível?

Coração por coração,

Há solução?

Esqueço-me de mim,

Lembro-me de nós.

Insisto em “nós”?

quarta-feira, maio 25, 2011

Editorial

Estou retomando este blog. Talvez ele mude de nome, talvez não.
Pretendo escrever aqui com certa frequência (olha só, última vez que escrevi, "frequência" ainda tinha trema). Vai ser mais do mesmo: poesias, crônicas, contos, resenhas de livros e filmes e reflexões sobre tudo. Começo com uma série de contos e crônicas baseados nas músicas dos Beatles.
Quem não conhecia aproveite para ver os post antigos.
Quem já conhece seja bem vindo novamente.