sábado, março 29, 2008

Eu não vendo educação

Não acredito em instituições que dizem que podem garantir seu aprendizado. Ué, como podemos fazer isto de maneira objetiva, sem dar margens para especulações? Se como professor já me sinto incomodado em atribuir notas às provas e trabalhos, imagine garantir, com cem por cento de certeza, que meu aluno aprende realmente!? Coisa de louco!
Também não acredito em cursinhos que oferecem seguro-reprovação. Acham-se tão bons, tão eficazes que se dão a este luxo, mas esquecem todo o caráter subjetivo que a relação ensinar –aprender possui. A não ser que não estejam preocupados com isto, com o saber, mas apenas com que seus alunos acumulem a maior quantidade de informação possível e depois vomite-a nas provas de vestibular. Se vão saber os conteúdos, ou se serão capazes de estabelecer relações complexas entre os conhecimentos, não lhes interessa. Importa que passem no vestibular e entrem, semi-analfabetos, na faculdade.
Não acredito em pessoas que defendem que professores tem que receber por produtividade. Como se quantificaria isto? Se é por número de alunos com boas notas é só fazer provas fáceis, ou o contrário, alunos com notas baixas, provas impossíveis. Se é por quantidade de conteúdos é só despejá-los sobre os alunos, não importando se aprenderam ou não. Escolas não são linhas de montagem, não dá para cobrar por produção.
Acredito no conhecer (do latim “nascer com”). Creio que a escola e professores têm que fazer com que este “nascer com” realmente nasça dos alunos, venha à tona. Acredito no saber (do latim, “saborear”; por isto defendo a volta do latim ao currículo, pois ensina a pensar melhor), no fazer com que os alunos “saboreiem” os conteúdos. Se existem enólogos cheios de regras para degustar vinhos, porque não aprender a degustar a vida?
A prática, em geral, se distancia disso. Mas deixar de crer que podemos fazer a diferença nos matará de vez.