quarta-feira, junho 21, 2006

Poesiazinha

Na simplicidade do encontro
Na troca de olhares
Pude sentir os encantos
De teus beijos singulares.

Sonho finalmente realizado;
Tua boca com a minha juntar.
Momento a muito idealizado
Que na vida real achou lugar.

Oh, noite de venturoso prazer;
Poder contigo flertar;
Fazendo a vida a pena valer.

Quente boca que ousei tocar,
Para a minha alegria, meu pesar;
Quando, de novo, poderei lhe beijar?

quinta-feira, junho 08, 2006

O Caçador de Pipas

Já li muitos livros durante a minha breve vida. Não tantos quanto gostaria, ou deveria, mas os li e gosto muito disso. E cada um desses livros me ajudou a ser uma pessoa melhor (está bem, nem todos); foram verdadeiros mestres da vida. Cada livro que eu leio me ajuda a formar, ou mudar, meu modo de ver o mundo. Mas poucos livros fizeram-me mudar completamente.
Sabe aqueles livros que, depois que você os lê, você se sente órfão, abandonado? Aqueles livros que te roubam o chão, revolucionando todo o seu pensamento. Geralmente, quando estou lendo, eu vou engatando um livro no outro: mal termino um e já estou lendo outro. Mas certos livros precisam de um tempo de meditação depois. Um tempo para você reorganizar sua vida e suas idéias. Um tempo para você terminar de digerí-los.
De todos os livros que eu já li não mais que cinco estão nesta categoria. Não estou sendo injusto com os outros, mas é que esses me fizeram repensar toda a minha vida, como se tudo o que eu tivesse vivido não fosse nada.
Um deles foi “A Idade da Razão” do Sartre. Lembro que depois de lê-lo eu passei uma semana que recompondo. Reconhecer a consciência nos outros; que eu sou aquilo que os outros pensam de mim; que cada consciência é livre e interligada. Muitas outras questões apareceram. Vi-me pela primeira vez como um ser pequeno burguês cheio de preconceitos e idéias pré-concebidas e não achei isto ruim. Lembro que em certas partes do livro eu sentia um gosto amargo na boca, como se fosse uma reação ao quê minha mente estava passando.
Outro livro que eu posso citar dentro desta categoria é “Os Miseráveis” do Vitor Hugo. Até hoje a figura de Jean Valjean me persegue. Mas de uma maneira boa; penso em como ele agiria, ou o que ele faria em certas situações. Maravilhoso este livro. Mostra que todos somos vítimas mais da sociedade do que da “natureza” e um homem pode tentar se reerguer, mas a sociedade que criou o ladrão, não podendo enforcá-lo,não deixa, relegando-o a subcategorias. Quem é mais “miserável”: Jean Valjean ou Valvert?
Por fim o livro que terminei hoje as 06:00 horas da manhã: “O Caçador de pipas” de Khaled Housseini. Passei o dia remoendo e repensando o livro. Quanto tenho de cada personagem? Não sei! O livro fala de amizade; de relações; de culpa e perdão. Se você quer saber do que o livro fala vá ler a crítica da “Veja”. Sobre este livro só posso dizer que eu ainda estou meditando, preso a sua força. Amir, que é o protagonista, durante o romance toma certas atitudes que me fez ter raiva dele, mas depois eu me peguei pensando: eu, no lugar dele, faria diferente? Não saberia responder! Sei que este é um livro que me marcou muito e ainda não vislumbro aonde ele vai me levar. Sei que por vezes quis jogar o livro para longe e não lê-lo mais; não por ele ser ruim, muito pelo contrário, mas por medo do quê eu sei que ele faria comigo, e fez, depois de sua leitura. Hoje, se alguém me pedisse uma indicação de livro, com certeza eu só saberia responder: “O Caçador de pipas”!

segunda-feira, junho 05, 2006

Lolita

Lolita, luz da minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lolita: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta.
Pela manhã ela era Lô, não mais que Lô, com seu metro e quarenta e sete de altura e calçando uma única meia soquete. Era Lola ao vestir os jeans desbotados. Era Dolly na escola. Era Dolores sobre a linha pontilhada. Mas em meus braços sempre foi Lolita.

Realizei uma das minhas ambições intelectuais: li Lolita do russo Vladmir Nabokov. O livro é muito bom, mas a parte que mais me toca é este começo, que em termos de narrativa e descrição é a melhor do livro. A história é fantástica e eu só a tinha visto na TV, num filme com o Lian Nelson (que, diga-se de passagem, fez meu personagem preferido, Jean Valjean, no cinema também) que é a versão mais recente. Mas, como todos sabem, adaptações de obras literárias para o cinema nunca ficam boas.
O livro, como é de conhecimento comum, fala das relações de um quarentão e de uma menina de doze anos. Por sempre ter sido tratado por imoral e por falar deste grande tabu que é a pedofilia, têm-se a impressão de que o livro vai ser cheio de passagens picantes e obscenas. Muito pelo contrário. O livro é sutil nesta parte e fala mais dos conflitos e das dores e amores do senhor Humbert Humbert.
Nabokov estava nos EUA quando escreveu Lolita, e fez questão de fazê-lo em inglês. Não é um livro que fale mal do “Anos Dourados” americano como podemos pensar depois de uma leitura mais rápida, mas com certeza retrata a decadência de uma sociedade do pós-guerra. Não pela pedofilia, já que o professor H.H. é europeu, mas pelo comportamento de todos os outros personagens que giram em volta de Lolita e seu padrasto. As meninas são todas depravadas e as mulheres de idade também. Os homens são pusilânimes e, mesmo suspeitando que professor Humbert abuse de Dolores Haze, nunca tomam atitudes.
O livro é muito bom e vale a pena ser lido. Não porque é um dos clássicos da literatura mundial, mas porque é muito bem escrito. Sobre o tema (pedofilia), o autor diz que foi escolhido para chocar a sociedade americana da época (tanto que o livro foi publicado primeiro na França). Os outros dois temas que ele diz que também chocariam e que ele cogitou: um branco casando com uma negra (ou vice-versa) e tendo filhos e netos e vivendo felizes; ou ao ateu incorrigível que leva uma vida útil, feliz e produtiva e não carrega remorsos. Olhando de longe, estes temas continuam sendo tabus não só nos EUA como em boa parte do mundo!