quinta-feira, junho 08, 2006

O Caçador de Pipas

Já li muitos livros durante a minha breve vida. Não tantos quanto gostaria, ou deveria, mas os li e gosto muito disso. E cada um desses livros me ajudou a ser uma pessoa melhor (está bem, nem todos); foram verdadeiros mestres da vida. Cada livro que eu leio me ajuda a formar, ou mudar, meu modo de ver o mundo. Mas poucos livros fizeram-me mudar completamente.
Sabe aqueles livros que, depois que você os lê, você se sente órfão, abandonado? Aqueles livros que te roubam o chão, revolucionando todo o seu pensamento. Geralmente, quando estou lendo, eu vou engatando um livro no outro: mal termino um e já estou lendo outro. Mas certos livros precisam de um tempo de meditação depois. Um tempo para você reorganizar sua vida e suas idéias. Um tempo para você terminar de digerí-los.
De todos os livros que eu já li não mais que cinco estão nesta categoria. Não estou sendo injusto com os outros, mas é que esses me fizeram repensar toda a minha vida, como se tudo o que eu tivesse vivido não fosse nada.
Um deles foi “A Idade da Razão” do Sartre. Lembro que depois de lê-lo eu passei uma semana que recompondo. Reconhecer a consciência nos outros; que eu sou aquilo que os outros pensam de mim; que cada consciência é livre e interligada. Muitas outras questões apareceram. Vi-me pela primeira vez como um ser pequeno burguês cheio de preconceitos e idéias pré-concebidas e não achei isto ruim. Lembro que em certas partes do livro eu sentia um gosto amargo na boca, como se fosse uma reação ao quê minha mente estava passando.
Outro livro que eu posso citar dentro desta categoria é “Os Miseráveis” do Vitor Hugo. Até hoje a figura de Jean Valjean me persegue. Mas de uma maneira boa; penso em como ele agiria, ou o que ele faria em certas situações. Maravilhoso este livro. Mostra que todos somos vítimas mais da sociedade do que da “natureza” e um homem pode tentar se reerguer, mas a sociedade que criou o ladrão, não podendo enforcá-lo,não deixa, relegando-o a subcategorias. Quem é mais “miserável”: Jean Valjean ou Valvert?
Por fim o livro que terminei hoje as 06:00 horas da manhã: “O Caçador de pipas” de Khaled Housseini. Passei o dia remoendo e repensando o livro. Quanto tenho de cada personagem? Não sei! O livro fala de amizade; de relações; de culpa e perdão. Se você quer saber do que o livro fala vá ler a crítica da “Veja”. Sobre este livro só posso dizer que eu ainda estou meditando, preso a sua força. Amir, que é o protagonista, durante o romance toma certas atitudes que me fez ter raiva dele, mas depois eu me peguei pensando: eu, no lugar dele, faria diferente? Não saberia responder! Sei que este é um livro que me marcou muito e ainda não vislumbro aonde ele vai me levar. Sei que por vezes quis jogar o livro para longe e não lê-lo mais; não por ele ser ruim, muito pelo contrário, mas por medo do quê eu sei que ele faria comigo, e fez, depois de sua leitura. Hoje, se alguém me pedisse uma indicação de livro, com certeza eu só saberia responder: “O Caçador de pipas”!

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom o seu comentário sobre os livros que nos fazem pensar.

Eu li este quase que febrilmente, num dia só. Olha que eu conto nos dedos de uma mão os livros que me fizeram chorar.

Quanto eu tenho de cada personagem? Não sei também. Mas admito que eu queria ser mais Hassan do que sou. Foi ele quem mais me tocou.

Anônimo disse...

Eu queria ter mais do Baba tb!