sexta-feira, agosto 04, 2006

Zuzu Angel

Hoje fui ao cinema ver Zuzu Angel. Na minha modesta opinião é o melhor filme brasileiro do ano. Lógico que é um filme com uma estética de minissérie da Globo, com atores de novela e trilha de novela, mas não deixa de ser um bom filme. Não é um dramalhão como Olga, ou essas comédias românticas com ares de novela das sete, nem faz parte dessa nova estética do cinema brasileiro da pobreza glamurizada.
Esse é o filme sobre uma mãe que perde o filho para a ditadura militar (apesar de alguns ainda insistem em dizer que não foi violenta, ou que ela foi “redentora”) e passa a encará-la de frente para reaver o corpo do filho morto. Zuzu não pára, ela é parada pela ditadura que a mata depois que ela sai de um viaduto, o hoje conhecido “Viaduto Zuzu Angel”.
Vendo este filme eu consegui entender toda a profundidade do meu verso de música preferido; que é do Chico Buarque, que foi um grande amigo de Zuzu e para quem ela entregou uma carta dizendo que se morresse a culpa era dos militares. O verso é tirado da música “Pedaço de mim” e diz: “A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu”. A melhor definição desta palavrinha (saudade) que só existe na língua portuguesa. Na verdade penso que só uma cultura como a portuguesa, que era de navegadores intrépidos, poderia criar uma palavra para descrever este sentimento. Como diz o poeta “Ó mar salgado quanto do teu sal? São lágrimas de Portugal?”. Só uma nação que se entregou ao mar sabe o que é sentir saudade. Só uma mãe que perde um filho sabe o que é sentir saudade.

Angélica
(Miltinho e Chico Buarque)

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento?
Só queria lembrar o tormento
Que fez meu filho suspirar
Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo?
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino?
Queria cantar por meu menino
Que ele não pode mais cantar


P.S . música escrita para Zuzu Angel

5 comentários:

Anônimo disse...

Ainda não vi, mas admito que eu estava de preconceito com este filme, achando meio clichê.

Depois da sua recomendação, vou tentar assistir com outros olhos.

Anônimo disse...

Ainda não vi tb.... mas a expectativa é grande....
Ainda não chegou em Cascavel....

Anita disse...

Cascavel é assim mesmo, cidade do interior na qual o cinema virou Igreja dá nisso :)
Quanto ao filme, também não vi, e só vou poder ver qdo sair em DVD...
Ah, e atualiza o seu blog que eu preciso de coisas pra ler, só escrever cansa!
Bjo!

Malkaviano disse...

Fazia algum tempo que não passava por aqui, muito bom vê-lo na ativa...
Abraço

Unknown disse...

ZUZU ANGEL "Zuzu Angel" é um filme forte e, ao mesmo tempo, delicado. Muito mais do que a história de uma mãe em busca do corpo do filho morto, a produção fala do direito à liberdade e, principalmente, da estupidez da ditadura militar. O enredo consite basicamente na incessante busca de uma mãe ao corpo de seu filho, onde também é mostrado o tamanho da insensatez do regime vigente na época, onde não apenas Zuzu Angel sofreu em busca de seu ente querido, más muitas pessoas que viveram esta terrível página de nossa história e onde um regime militar autoritário restringia o direito de todos os cidadãos. Se tivéssemos vividos nesta época, com certeza nos reportaríamos ao passado quando Dom Pedro I disse: ´´INDEPENDÊNCIA OU MORTE´´ ai sim teríamos certeza de que o Brasil ficou com o meio termo e com forte tendência a segunda opção. O regime perverso (Ditatura Militar) vigente no Brasil, não poupou: intelectuais, artistas, empresários ou pessoas comuns que tivesse ideologias contrárias ao regime no poder.Uma coisa é o sistema prender uma pessoa por seus idéias. Uma coisa é prender... Outra coisa é o sistema arrastar uma pessoa presa pela boca ao cano de escapamento de um Jeep, torturar de todas as formas pensáveis e impensáveis com um sadismo que nao existe nem entre os animais. Só pode entender estas palavras, quem já passou por isso ou teve um parente próximo nesta situação, como foi o caso de Zuzu Angel.