sábado, outubro 28, 2006

O Oleoso Guerreiro e o Dragão do Capitalismo.

Parte I


Quem observa de longe acha que o calçadão da rua Quinze, a rua das flores, é um imenso formigueiro humano. Com os meninos e meninas que distribuem panfletos, os pedintes, os vendedores de bilhetes de loteria e toda aquela massa de gente que passa por ali todos os dias. No meio desta multidão alguém se destaca: nosso herói Oil Man.
Incólume no meio da turba ele passeia com sua inseparável bicicleta, sua indefectível sunga e velho tênis. Além do corpo sempre coberto com óleo de urucum e o cabelo preso num rabo de cavalo a la Heloisa Helena. Sua missão é defender Curitiba das hordas dos servidores do mal. Em sua última aventura ele quase morreu, mas depois de algumas semanas no Hawaii ele estava de volta a nossa dileta cidade, pronto para novas empreitadas (ou presepadas).
Como sempre seu patrulhamento começara cedo aquele dia. Andando com sua bicicleta pelas ruas da cidade a procura de alguém a quem ele pudesse ajudar. Foi que, quando ele passava pela Riachuelo, ouviu um grito de mulher pedindo ajuda. “Não temais gentil senhora, estou a caminho!” disse nosso amigo indo ao seu auxílio. Chegando ao local ele encontrou a jovem senhora caída no chão, com as roupas descompostas e as mãos no rosto cobrindo as lágrimas. E que mãos ela tinha: quase duas vezes maiores que a do nosso amado herói. Oil Man deixou sua bicicleta encostada na porta de uma lojinha e foi ajudar a pobre moça a se levantar. Foi quando ele ouviu uma voz grave que dizia: “Perdeu mano!”; a moçoila se levantou e com a velocidade de um guepardo atacou nosso destemido companheiro com suas mãos, e que mãos!, embebidas num composto de óleo de baleia com comigo-ninguém-pode (a kriptonita do nosso herói). Um golpe foi suficiente para nocautear nosso amigo.
Quando ele recuperou a consciência, havia a sua volta quase uma centena de populares, dois guardas municipais e alguns camelôs vendendo fotos suas autografadas. Nosso herói levantou-se e foi a procura de sua inseparável bicicleta, mas ela não estava mais lá. Algumas testemunhas disseram que a moça (?) que o derrubara saiu pedalando a bicicleta e ninguém soube dizer para onde. Desta maneira uma parceria de mais de quinze anos foi desfeita. Resignado com seu destino como só os grandes heróis sabem ser, ele agradeceu aos que lhe ajudaram e prosseguiu impávido, e á pé, sua jornada de patrulhar as ruas de nossa querida cidade.
Uma semana se passou e nosso amigo Oil Man continua sua missão andando pelas ruas de Curitiba. Bem a verdade ele se sentia nu sem a sua bicicleta, mas não podia desistir. As pessoas precisavam dele. Foi quando, enquanto ele andava pela rua Quinze, apareceu um senhor de alta classe com dinheiro na mão. E ele disse que tinha uma proposta, uma proposta indecorosa para Oil Man. Foram até um bar da boca maldita para tomar um chopp e o jovem senhor disse: “Seguinte, meu querido: eu represento uma grande empresa multinacional e nós trabalhamos com material esportivo, e como você é um esportista também, queremos te patrocinar. Nós te daremos uma bicicleta nova, uma sunga com a marca da empresa e um tênis também com a nossa marca e tudo o que você tem que fazer é andar pela cidade, como você sempre fez, e divulgar a nossa marca.” A princípio Oil Man não quis aceitar, mas ele precisava desta ajuda para continuar sua jornada. Relutante ele aceitou e combinou que iniciaria no outro dia
A noite, na sede da empresa, os executivos exultavam. Tinham conseguido trazer para seu lado um super-herói e este era o passo final para a dominação do mundo. Com o Oil Man em suas mãos nada poderia detê-los. Melhor: eles agora tinham um aliado em sua luta para derrubar todos os governos que não fossem seus aliados e divulgar seu ideal de vida.
No outro dia pela manhã lá estava nosso amado herói andando pelas ruas da cidade numa bicicleta nova com as marcas da empresa...
E agora, será que conseguirão enganar nosso herói para sempre? O que acontecerá com a humanidade? E se for verdade? E será que vou conseguir terminar minha monografia agora que voltei a escrever sobre o Oil Man? Esperemos pelo pior...

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom...
Já estava com saudades do nosso amigo herói besuntado.
Espero a segunda parte logo...

Professor disse...

pARA CONHECER AS ANTIGAS AVENTURAS DO NOSSO HERÓIS BESUNTADO: http://asaventurasdooilman.blogspot.com/
tem todas as crõnicas que já escrevi sobre o nosso herói.
entrem lá e deixem suas criticas, comentários e sugestões para novas postagens...

Anônimo disse...

Vendido! Vendido! Vendido!

Diego disse...

Probre Oil Man.

É um herói tão a moda antiga, que traz em si a ingenuidade da era de prata. Não me surpreenderia se o roubo tivesse sido "arranjado" pela propria corp que o patrocina.

:(

E que venham mais!!!!