quarta-feira, maio 02, 2007

Soneto

Aqui vai uma tradução de um soneto de Shakespeare. Segui a rima (abab abab abab cc), forma comum dos sonetos de Shakespeare e que as vezes eu imito. Não coloquei nenhuma métrica porque não tenho capacidade para tanto. Bom, quem quiser me presentear pode me dar um livro com os sonetos do bardo. Tem um da Martin Claret que parece ser muito bom (Apesar de feios, segundo meu amigo Palma, eles possuem boas traduções). Lembrem-se meninos e meninas: traduções são iguais as esposas: as boas não são fiéis e as fiéis não são boas.

Da mais alva criatura desejamos aumentar,
Que por meio disso a bela rosa nunca morrerá,
Mas como o maduro tem o tempo para expirar,
Sua suave herança sua memória conterá.

Mas tu contrataste para teus olhos brilhantes,
Alimentando a chama da tua luz como combustível,
Provocando uma escassez em meio a mentiras abundantes,
Teu “eu” teu adversário, para teu doce eu tão vil.

Tu que a arte, ao mundo, um novo ornamento traz,
E o único arauto para a esplêndida primavera,
Dentro de teu próprio broto, enterrada tua paz
E o doce beócio desperdiça onde a mesquinhez impera.

Lamenta o mundo, ou mas este ser voraz,
Para comer o direito, a ti, a campa e o que lhe compraz.



From fairest creatures we desire increase,
That thereby beauty's rose might never die,
But as the riper should by time decease,
His tender heir might bear his memory:

But thou contracted to thine own bright eyes,
Feed'st thy light's flame with self-substantial fuel,
Making a famine where abundance lies,
Thy self thy foe, to thy sweet self too cruel:

Thou that art now the world's fresh ornament,
And only herald to the gaudy spring,
Within thine own bud buriest thy content,
And tender churl mak'st waste in niggarding:

Pity the world, or else this glutton be,
To eat the world's due, by the grave and thee.

3 comentários:

Diego disse...

Quem diria!!!! O Nhã Nhe "in English" :P

Anônimo disse...

Rapaz, boa tradução, hein? Sei que eu deveria fazer um comentário mais inteligente, mas é só o que me ocorreu.

"Beócio" eu acho uma palavra muito legal. Vou incorporar ao meu vocabulário cotidiano.

Anônimo disse...

E, pois é, os da Martin Claret têm as melhores traduções realmente. Não encontrei nenhum "Arte da guerra" como o deles e nenhum "Príncipe" comentado pelo Napoleão. Neste quesito eles estão de parabéns.

Mas que são feios, ah, são!