terça-feira, dezembro 05, 2006

O Oleoso Guerreiro Contra o Dragão do Capitalismo - Parte III

Com o patrocínio vieram os eventos, as vernissages, os coquetéis, as inaugurações. Assim nosso amigo Oil Man virou figurinha fácil na Hight Society. Ele abriu o Cristal Fashion Week com um desfile de sungas novas para homens maduros e jovens descolados. Também estava na última festa do castelo do Batel e na inauguração do Burguer King do Shopping Muller. Foi ai que seus problemas começaram. Das colunas da tribuna nosso amigo foi para a coluna do Dino Almeida e seus antigos apoiadores, em geral universitários, hippies e um ou outro punk, passaram a odiá-lo. Quando do seu passeio matinal, Oil Man podia ouvir o buxicho (ou buchicho, ou buxixo, ou buchixo) das pessoas que o apontavam e o acusavam de vendido. Mas com a força de caráter que só os heróis têm, ele não ligava para os comentários.
Ele também começou a fazer apologia ao esporte. Abandonou o hábito de empurrar a bicicleta e passou a pedalar; começou a dar palestras nas escolas sobre os benefícios da prática de exercícios; e até perdeu a barriga de cerveja e ganhou uma de tanquinho.
O Plano diabólico estava dando certo.
A verdade é que a empresa que o patrocinava estava interessada em aumentar o número de pessoas que praticam esportes e, assim, aumentar a venda de seus produtos. Isto seria legítimo se não fosse por um detalhe: ESPORTE MATA!!!
Sim meus amigos leitores, ESPORTE MATA!!! Assim nos ensina o Doutor José Róiz, de saudosa memória. O homem não foi “projetado” para praticar esportes. Se assim fosse seriamos quadrúpedes e teríamos o coração com o dobro do tamanho. Mas a nossa condição de bípedes faz com que nossa circulação não consiga mandar sangue suficiente para o cérebro e para as pernas quando nos exercitamos, o que sobrecarrega o coração e cria a anomalia conhecida por “coração de atleta”, causa de inúmeras mortes, pois o coração fica excessivamente grande, de uma forma patológica, o que causa uma série de problemas. Sem contar toda a nova carga hormonal que nos faz envelhecer mais rapidamente... Mas porque ninguém divulga isto??? Oras, porque os esportes movem muito dinheiro na nossa sociedade e, se em Roma tínhamos o Panis et Circens, hoje nos temos o futebol e a cerveja. É o dragão do capitalismo que tudo devora e depois expele, por via retal, como mercadoria.
Mas voltando a nosso amigo....
A verdade é que com o tempo ele passou a contar com o apoio de uma elite curitibana (sabe... aquela que tem uma torneira de água e a outra de água oxigenada) e esqueceu o povo que sempre o apoiou. Foi assim que quando nosso amado Oil Man estava andando no centro da cidade, num fim de tarde primaveril, esbarrou numa turba ululante, composta de sem-terras, universitários e moradores de ruas. Estes estavam protestando por alguma coisa, mas quando viram nosso dileto herói começaram a gritar: “Vendido, vendido, vendido”; e passaram a persegui-lo. Oil Man tentou achar abrigo numa loja de grife, mas foi escorraçado de lá. Tentou pedir ajuda num shopping, mas os seguranças não o deixaram entrar. Ele tinha sido abandonado.
Oil Man começou a correr em sua bicicleta em busca de abrigo. Foi quando ele enveredou pela Cruz Machado e parou em frente ao “Pantera Negra”, vulgo “Gato Preto”. Para quem não conhece este lugar é uma mistura de Ledô com Madalosso; um ambiente medieval, pois só entra cavalheiros e dragões. Mas foi ai que ele se escondeu. Não adiantou. A turba ensandecida invadiu o lugar e o encurralaram num canto. Ele temeu por sua vida, mas resolveu encará-los de frente. Nosso amigo avançou contra a multidão como em berseker, pronto para matar ou morrer. Os revoltosos tentavam em vão agarrá-lo, mas ele escorregava graças ao óleo. Foi quando alguém lhe passou uma rasteira e outro lhe deu um “cavalo deitado” e ele caiu em cima de uma mesa estraçalhando-a. Era o seu fim...
Foi quando ao fundo tocou um violão e um “maluco beleza” entrou no lugar cantando. Era o Plá. Ele cantava assim: “Se Maomé não vai a montanha, então a montanha vai até Maomé... “ (isto repetido umas 32 vezes). Todos silenciaram. Plá aproveitou para falar com o Oil Man: “Aí bichto, faz um tempo que eu quero trocar um lero contigo. Larga dessa vida maluco. Nóis é tudo poloneis; nóis têm que batalhar contra o sistema tá ligado!?” Nosso amado herói começou a chorar, pois entendera o recado. Tinha que voltar a suas origens.
Tirou a sunga dos patrocinadores e vestiu uma samba canção de um dos garçons. Ia tirar o tênis também, afinal só podia entrar de sapato no recinto, mas o dono do lugar abriu uma exceção a todos naquele dia. O Plá voltou a tocar e o forró comeu solto no “Gato Preto”, ou “Pantera Negra” se preferirem. Os revoltosos e as “mariposas” do local começaram a dançar. A costela a role para todos. A Xingu também. E foi assim que o nosso amigo se redimiu da sua aventura pelo o mundo burguês, que no final o abandonou, e acordou nos braços da Rose Peluda, num quarto de luxo do Popp’s...

8 comentários:

Anônimo disse...

belo desfecho para a saga do nosso amigo.

bem a lá NHANHE!

Diego disse...

Hauhauahua

Isso aconteceu com vc, nao foi??? Só trocou o seu nome por Oil man... :P

Nota 10 :D

Anônimo disse...

Concordo com o trasgo: senti um gostinho de autobiografia aí. E não me espantaria que o Hugo também estivesse envolvido.

E eu quero saber mais sobre o doutor José Róiz, por gentileza.

Anônimo disse...

E não imagino o Oil Man de barriguinha sarada.

Anônimo disse...

E a pergunta que naão quer calar: ele ficou sem bicicleta no fim das contas?

Anônimo disse...

A rose comprou uma bicicleta nova para ele e graças a dieta de xingu e costela a barriga dele voltou....

Anônimo disse...

Agora que já estamos formados, vamos atualizar isto aqui?

joão marcos disse...

kkkkkkkkkkboa historia e personagens curitibanos...
plá esse cara eh maluco mesmo